ESCOLA 7 DE OUTUBRO > LISTAR NOTÍCIAS > DESTAQUES > DESCOLONIZANDO O PENSAMENTO SOBRE A GEOPOLÍTICA MUNDIAL NA FORMAÇÃO DE FORMADORES
07/07/2017
“Geopolítica mundial e os desafios e perspectivas atuais da América Latina” foi tema da palestra do prof. Dr. Víctor Ramiro Fernández, durante o curso de Formação de Formadores na manhã do dia 05 de julho de 2017, coordenada por Adilson Pereira dos Santos, coordenador geral da Escola Sindical 7 de Outubro. Também participaram da mesa Gilmar de Souza Pinto, secretário de formação da CUT-MG, e o prof. Dr. Carlos Antônio Brandão, do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Víctor Fernández é diretor do Instituto de Humanidades y Ciencias Sociales del Litoral pela Universidad Nacional del Litoral, Santa Fé, Argentina. Nesta semana, ele está em Belo Horizonte para realizar palestras sobre os desafios e as perspectivas do desenvolvimento econômico e social da América Latina, na Fundação João Pinheiro, escola superior de administração pública de Minas Gerais.
Nesta oportunidade, a Escola Sindical 7 de Outubro acolheu a palestra de Víctor Fernández, integrando-a ao 4º módulo do Curso de Formação de Formadores, numa articulação com o Prof. Dr. Danilo Jorge Vieira, da Fundação João Pinheiro, mediada pelo dirigente sindical Rogério Mamão, do SINDSEP-MG e cursista do FF.
Para Adilson Pereira dos Santos, a atividade tem grande relevância para analisar a conjuntura e a estrutura do desenvolvimento capitalista atual, bem como problematizar a condição em que o Brasil e a América Latina se inserem no contexto de globalização que subordina os países periféricos à hegemonia dos interesses de acumulação de capital do rentismo e das economias do centro dinâmico capitalismo mundial. Adilson espera que esta palestra seja uma janela de oportunidade para futuras parcerias no sentido de potencializar a formação de dirigentes e militantes sindicais.
Do ponto de vista conjuntural, Víctor Fernández considera que há um forte processo de concentração de riqueza em três polos mundiais, sendo eles EUA, Europa Ocidental e China. Com a eleição de Donald Trump, abre-se uma grande contradição para a hegemonia estadunidense pela opção do presidente de romper com acordos globais, inclusive o Tratado TransPacífico. Nesta brecha, a China está em escalada de ascensão imperialista, aumentando sua influência comercial na América Latina e na África.
Do ponto de vista estrutural, Fernández chama atenção para a inserção periférica e subordinada da América Latina no capitalismo, enquanto traço marcante de continuidade do antigo sistema colonial. Para ele, a ruptura com a lógica do subdesenvolvimento e de subordinação da América Latina aos países centrais do capitalismo depende fundamentalmente da construção de um novo Estado, capaz de dirigir as formas de acumulação e distribuição social das riquezas produzidas e que tenha condições efetivas de dar respostas aos desafios colocados pela geopolítica mundial atual.
Fernández também destaca a existência de entraves estruturais na dinâmica regional na América do Sul, considerando-se os aspectos endógenos e externos. A forte concentração agrária e o desenvolvimento industrial tardio é um dos fatores internos que explicam as desigualdades sociais nos países latino-americanos. Por outro lado, a interferência dos Estados Unidos no continente americano criou condições geopolíticas desfavoráveis para um processo industrioso e sustentável na América do Sul.
Para o prof. Dr. Carlos Antônio Brandão, as reformas estruturais constituem um desafio para o Brasil, entre as quais a ruptura com o tripé macroeconômico enquanto fator decisivo para o país superar a hegemonia dos interesses do capital financeiro especulativo no país.
Rogério Mamão salienta que o Víctor Fernández integra uma nova geração de intelectuais que tem renovado a teoria social crítica latino-americana, seguindo o legado de Raúl Prebisch, Celso Furtado, dentre outros. Nesse sentido, Fernández contribui para descolonizar o pensamento sobre a geopolítica mundial. Mamão compreende ainda que o movimento sindical brasileiro precisa incorporar nas suas estratégias e táticas regionais (América do Sul) de enfrentamento ao desmonte do sistema de proteção social e desregulamentação do mercado de trabalho.
A palestra do Víctor Fernández está baseada nos estudos sistematizados no seu mais recente livro “La trilogia del erizo-zorro: redes globales, trayectorias nacionales y dinámicas regionales desde la periferia” (2017). O ciclo de palestras na Fundação João Pinheiro faz parte da estratégia de lançamento do seu livro no Brasil.
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