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Escola 7 na XIX Semana FACE da UFMG

10/11/2015

O Diretório Acadêmico (D.A) de Economia da UFMG abre a XIX Semana FACE com o documentário "Dublê de Eletricista" do Sindieletro-MG

Escrito por: Escola Sindical 7 de Outubro

 

XIX Semana FACE é uma iniciativa multicultural do Diretório Acadêmico da Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG. Ontem, às 16h30, a Semana FACE, cujo tema é Aqui: Utopias - crise do capitalismo e práticas emancipatórias, foi aberta com o cine-debate contra a terceirização, com a exibição do curta-documentário "Dublê de Eletricista", produzido e dirigido pelo jornalista do Sindieletro, Benedito Maia, e pelo economista do DIEESE, Carlos Machado. O documentário aborda a terceirização do setor elétrico brasileiro, mais especificamente da CEMIG, a partir da ótica dos trabalhadores.

A Escola Sindical 7 de Outubro foi convidada pela Secretária de Juventude da CUT-MG, Sabrina Ribeiro, e pelo presidente do D.A da FACE, Evandro Luis, para comentar o documentário e provocar o debate sobre a terceirização no mundo do trabalho. Representando a Escola 7, o educador Emanoel Sobrinho parabenizou o D.A pela iniciativa premente de refletir sobre do precarização do trabalho.

Para Emanoel Sobrinho, o drama trabalhador Lúcio Nery de Souza, mutilado por um acidente no local de trabalho com a rede elétrica, um dos protagonistas do documentário, está cada vez mais generalizado na produção capitalista contemporânea. "Para responder a crise estrutural do capital, a precarização do trabalho e das relações trabalhistas é uma saída encontrada pelas empresas para aumentar a taxa de lucro dos seus acionistas", disse.

"Segundo Ricardo Antunes, no seu ensaio sobre os sentidos do trabalho, acompanhamos atualmente um processo de degradação da força de trabalho humana sem precedentes na era moderna", enfatizou Emanoel.

A terceirização é eufemismo para o processo sistemático de precaização do trabalho e da vida, imposto pela lógica competitiva e exploratória hegemonizada pelo capital sobre os trabalhadores. Quando uma empresa como a Cemig terceiriza a sua atividade-fim, ela coloca em risco a vida dos/as trabalhadores/as que, sem estarem devidamente capacitados e equipados, estão mais propensos a sofrer acidentes no local de trabalho.

O fenômeno da terceirização se alastrou no Brasil durante a década neoliberal dos anos 90. A resistência da CUT e de seus sindicatos combativos não foi suficiente para impedir o avanço deste processo de precarização, que também se constituiu como uma forma de privatizar as empresas estatais por dentro e de diminuir os custos com a força de trabalho.

O efeito nítido deste processo foi o aumento da pulverização sindical no mundo do trabalho e a fragilização da ação sindical no local de trabalho, acirrando a apartação entre os trabalhadores da mesma empresa (primeiros x terceiros) e destes com o seu sindicato de base.

Durante o debate, o estudante Arthur, observou que os trabalhadores terceirizados recebem salários menores que os trabalhadores primeiros, apesar de terem jornadas de trabalho maiores, além disto 80% das mortes por acidente de trabalho atingem os terceirizados.

Para a estudante Esther, a terceirização integra os mecanismos de alienação do capital em sua fase de financeirização global e que o movimento sindical está desafiado a atualizar suas formas de organização e a estética das lutas, para inclusive incorporar as mulheres trabalhadoras, tendo em vista o processo crescente de feminização da força de trabalho.

Já o estudante Nilo ressaltou que o padrão de acumulação flexível das empresas está intimamente associado à doutrina neoliberal de Estado e sociedade, explorando diferentes segmentos sociais - jovens, mulheres, migrantes e negros - para aumentar a taxa de lucro do capital.

Para Emanoel Sobrinho, os sindicatos estão se reinventando no sentido de construir práticas emancipatórias, dentro e fora do local de trabalho. O documentário do Sindieletro-MG é um esforço nesta direção e faz parte da luta pela primeirização do trabalho na CEMIG.

Nesse sentido, a CUT avançou muito no enfrentamento à terceirização, implementando a luta concreta pela igualdade de direitos entre trabalhadores primeiros e terceiros nas negociações coletivas, bem como defendendo a igualdade de oportunidades entre mulheres, jovens e negros na vida e no mundo do trabalho.

Sem dúvidas, a CUT tem sido a principal protagonista para impedir a aprovação do PL 4330, na Câmara Federal, e do PLC 30/15, no Senado, combatendo a institucionalização da precarização do trabalho e das relações trabalhistas preconizadas pelos referidos projetos de lei em tramitação.

Ainda para Emanoel, a lógica competitiva da década neoliberal brasileira deixou marcas profundas na ideologia da classe trabalhadora, que cada vez mais procura sua ascensão enquanto classe a partir do consumo, diferentemente da ascensão organizativa e política dos/as trabalhadores/as nos anos de 1980, a partir da solidariedade de classe e de um projeto democrático e anticapitalista de Brasil. As lutas de massa na década de 1980 forjaram a CUT, o MST, entre outros movimentos sociais.

Com a devida licença poética, talvez, se Karl Marx fosse reescrever o Manifesto Comunista de 1848 nos tempos atuais, ele encerraria o Manifesto da seguinte forma: "Precarizados do mundo, uni-vos!"

Mais informações sobre a XIX Semana FACE em: https://m.facebook.com/dafaceufmg/

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